Bem-vindo a Ciência 2010
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APRESENTAÇÃO


CIÊNCIA 2010:

AO ENCONTRO DA CIÊNCIA

  

Em Maio de 1987, as Jornadas Nacionais da Investigação Científica e Tecnológica abriram um período novo para o desenvolvimento da Ciência em Portugal. Tratou-se de uma reunião aberta de cientistas, de todas as áreas, antecedida por um intenso trabalho de preparação de muitos cientistas e instituições que, individual ou colectivamente, apresentaram propostas de planos de desenvolvimento futuros para a Ciência em cada uma das suas disciplinas ou objectos de actividade.

Não havia Internet. As contribuições, em papel, fotocopiadas, enchem muitos metros de estante. Foi a partir dessas contribuições, e de relatórios solicitados a pessoas ou equipas, que se organizou o debate, área a área, problema a problema, em todas as suas dimensões, sectoriais, interdisciplinares, horizontais, sem esquecer a divulgação ou o ensino das ciências, o mar ou a astronomia.

As Jornadas trouxeram a Imprensa estrangeira, espantada com o aparente milagre: então Portugal não continuava a ser o eterno vencido da vida, a eterna e desbotada glória dos descobrimentos de antes da ciência moderna, a eterna ponta da cauda da Europa? Ciência?! Em Portugal?!

O orçamento da JNICT (de onde emergiu a actual FCT) era de pouco mais de 1 milhão de contos. As estatísticas validadas pela OCDE contavam 1,5 investigadores por mil activos (i.e., cerca de 6.000 investigadores ETI), uma despesa total em I&D de 0, 4% do PIB (abaixo de todos os outros países europeus), da qual não mais de um quarto realizada por empresas.

As Jornadas de 1987 contribuíram para fazer emergir lideranças científicas, projectos e programas, instituições novas, alianças internacionais, e uma relação nova entre o País e os seus cientistas.

Logo de seguida lançou-se o Programa Mobilizador da Ciência e da Tecnologia em Portugal, seguir-se-iam os primeiros programas de desenvolvimento juntando fundos nacionais e fundos estruturais comunitários.

O resto, que não cabe aqui, é a história destes vinte, vinte e cinco anos de desenvolvimento científico e tecnológico português e da política científica em Portugal.

Essa história teve uma aceleração recente. Com uma fracção de investigadores na população activa (7,2 por mil) superior à média europeia (correspondendo a cerca de 40.000 investigadores ETI, 43% mulheres), e uma despesa total em I&D de 1,55% do PIB (i.e. cerca de 2.600 milhões de Euros), metade da qual executada pelas empresas, Portugal emerge finalmente como um País que superou o seu atraso científico crónico.

Esta nova realidade traz-nos responsabilidades novas.

A Ciência já não é apenas uma promessa longínqua. Que frutos traz a sua acção à sociedade? Como transmitir, aos diferentes grupos sociais e profissionais, o que faz, o que procura, o que se lhe pode pedir? Como reforçar as redes ainda incipientes que a ligam à economia e à sociedade?

Hoje como há vinte anos há que preparar o futuro, convocar as gerações mais novas, mobilizar alianças, trazer a Portugal os que podem contribuir para o seu desenvolvimento científico.

Trata-se de despertar a vitalidade das visões de futuro que o País encerra e do lugar essencial da ciência, do conhecimento, nesse futuro. Trata-se de projectar o futuro, libertar capacidades, lançar pontes, fazer redes, ver oportunidades, ter iniciativa. Trata-se de voltar à ciência, aos problemas antigos por resolver, às novas agendas em gestação, à tecnologia, às questões sociais e às oportunidades económicas, à sociedade.

Este ano, em Julho, encontramo-nos de novo. O programa das sessões regista a participação activa (como oradores e moderadores) de mais de 60 empresas e mais de 150 instituições de investigação. Cerca de 400 estudantes também já se registaram para a apresentação de “posters”. A diversificação temática e o alargamento da participação no Encontro crescem assim, ano após ano.

Promovido pelo CLA e pela FCT, este ano também com a colaboração do Ciência Viva, o Encontro Anual de Ciência tornou-se já um marco na dinâmica do nosso desenvolvimento científico. Espaço de apresentação e debate do que fazem muitos dos laboratórios de investigação, lugar para a criação de redes e contactos, momento de afirmação da vitalidade da ciência que se faz em Portugal, das relações com a indústria, com o resto do mundo, - o Encontro Ciência 2010 vai com certeza ser tudo isso. Mas este ano pode ser ainda mais, contribuindo para estimular o debate sobre o futuro da Ciência em Portugal.

Para tanto, há que clarificar e debater, área a área, as estratégias emergentes, capazes de fazer surgir as melhores ideias e as melhores lideranças, capazes de juntar pessoas, recursos e instituições, realismo e prospectiva, gerações, ensino e investigação, indústria e ciência, cultura, tecnologia e ciência.

 

Bom Trabalho!

José Mariano Gago