DUNES: A relação entre as pessoas e as dunas

Descobrir quem foram os atores centrais que mudaram o curso da história das dunas é o grande objetivo deste projeto que recentemente recebeu financiamento do Conselho Europeu de Investigação (ERC) através do Programa de Investigação e Inovação da União Europeia Horizonte 2020.

O mar, a areia e as gentes  

Este projeto de História Ambiental reúne informação dos últimos três séculos e, usando uma abordagem transdisciplinar no estudo das dunas, que desempenham um papel fundamental na defesa contra o avanço do mar, mostra que nem sempre foi assim que se olhou para estas áreas costeiras. Durante séculos, foram consideradas improdutivas e perigosas por invadirem campos, assorearem rios e até destruírem aldeias. No século XVIII, lutou-se contra estas fortalezas naturais, convertendo-as em áreas florestais para que não destruíssem terras aráveis. Estas estratégias desenvolvidas na Europa foram usadas noutras partes do mundo, o que criou mudanças profundas nas áreas costeiras.

O projeto

É esta relação entre ser humano e ambiente em áreas costeiras de todo o mundo, desde o século XVIII até aos nossos dias, que o projeto Dunes explora através do estudo das dunas como paisagens híbridas. Para isso vai procurar as origens, os motivos e os meios utilizados para a arborização das dunas; os impactos da criação de novas paisagens nas comunidades e ecossistemas locais; e a situação atual das dunas como defesas costeiras e ambientes reabilitados.  

O objetivo final é produzir uma história global inovadora sobre as dunas costeiras, combinando conhecimento de humanidades e ciências sociais e ciências físicas e da vida, com a identificação dos atores e das suas perceções; das tecnologias e adaptações ambientais; dos discursos dos estados e utilização de recursos públicos; e dos impactos sociais e ambientais numa perspetiva de longo prazo.

A ideia é contribuir para a crescente consciencialização e participação do público nas decisões relativas ao futuro das praias, que depende das ações de hoje, ao desenvolver novos conhecimentos com impacto relevante nos domínios da História Ambiental e das áreas científicas que estudam os sistemas costeiros, permitindo dar informações relevantes para os gestores e autoridades com responsabilidades na gestão costeira.  

É este tema que vai ser abordado na sessão plenária do primeiro dia do Encontro Ciência 2022, pela investigadora Joana Freitas, responsável pelo projeto.